A SENSATEZ IMPEDE A AUDÁCIA
Sinto saudades de quando era criança. Da mentalidade audaciosa e errante que tinha, do garoto que rosnava para as formas no escuro, numa tentativa de amedrontar o que lhe causava medo. Do menino que enregelava de pavor das cobras, mas que se movia inconscientemente em busca de resolver coisas simples que geravam estardalhaço, em meio à adultos. Crianças são criaturas mais inteligentes do que parecem.
Pois bem. Fui crescendo aos poucos.
Os erros vieram aos montes, as consequências me ensinaram a ser mais atento. Noites de choro me tornaram mais sensato. As formas no escuro já não amedrontavam mais e eu já não paralisava de medo das cobras. Porém, ao mesmo tempo que me tornei sensato, perdi o que eu mais admirava em mim mesmo: havia me tornado um completo covarde.
O avestruz é um animal que representa bem isto: ao se deparar com seus medos, ele se esconde.
Cava um buraco na terra e enfia a cabeça ali, na esperança de fugir do conflito.
A sensatez que eu havia adquirido, me levou ao medo de agir impensadamente e gerar mais conflito. O medo de agir impensadamente me tornou uma criatura que pensa e planeja exageradamente. O medo de planejar e errar me tornou um exímio incapaz.
"A sensatez que impede a audácia." li algo do tipo, num dos livros do Patrick Rothfuss.
E é algo que venho pedindo a Deus: a volta da coragem que se foi. Sabedoria pra usar ambas.
Recentemente resolvi uma delas, o medo de dizer não, de negar ainda que eu sofra com a falta de compreensão alheia. Mas continuo sendo vítima de mim mesmo em outras. Quando se trata de encarar as coisas da vida, de sair e dar a cara a tapa. De falar sem gaguejar, sem medo. De seguir em frente, mesmo recebendo um não, mesmo se der errado ou se eu estiver completamente frustrado.
E como se enfrenta essa paralisia insone? Ao que parece não existe um modo fácil.
Também penso as vezes que isso seja o mal de toda um geração. E em boa parte culpabilizo a geração de pais super-protetores, controladores demais, que educaram pessoas no medo de que elas machucassem, mas que apenas geraram pessoas que não sabem lidar com a vida.
Bom, se eu desenvolver isso, acabo entrando em outro âmbito da minha vida.
Já é madrugada, o texto está longo e é só o primeiro.
Desmistificando o "Eu" por Rafael Rangel
09/12/18 às 03:44
Pois bem. Fui crescendo aos poucos.
Os erros vieram aos montes, as consequências me ensinaram a ser mais atento. Noites de choro me tornaram mais sensato. As formas no escuro já não amedrontavam mais e eu já não paralisava de medo das cobras. Porém, ao mesmo tempo que me tornei sensato, perdi o que eu mais admirava em mim mesmo: havia me tornado um completo covarde.
O avestruz é um animal que representa bem isto: ao se deparar com seus medos, ele se esconde.
Cava um buraco na terra e enfia a cabeça ali, na esperança de fugir do conflito.
A sensatez que eu havia adquirido, me levou ao medo de agir impensadamente e gerar mais conflito. O medo de agir impensadamente me tornou uma criatura que pensa e planeja exageradamente. O medo de planejar e errar me tornou um exímio incapaz.
"A sensatez que impede a audácia." li algo do tipo, num dos livros do Patrick Rothfuss.
E é algo que venho pedindo a Deus: a volta da coragem que se foi. Sabedoria pra usar ambas.
Recentemente resolvi uma delas, o medo de dizer não, de negar ainda que eu sofra com a falta de compreensão alheia. Mas continuo sendo vítima de mim mesmo em outras. Quando se trata de encarar as coisas da vida, de sair e dar a cara a tapa. De falar sem gaguejar, sem medo. De seguir em frente, mesmo recebendo um não, mesmo se der errado ou se eu estiver completamente frustrado.
E como se enfrenta essa paralisia insone? Ao que parece não existe um modo fácil.
Também penso as vezes que isso seja o mal de toda um geração. E em boa parte culpabilizo a geração de pais super-protetores, controladores demais, que educaram pessoas no medo de que elas machucassem, mas que apenas geraram pessoas que não sabem lidar com a vida.
Bom, se eu desenvolver isso, acabo entrando em outro âmbito da minha vida.
Já é madrugada, o texto está longo e é só o primeiro.
Desmistificando o "Eu" por Rafael Rangel
09/12/18 às 03:44